Alerta: Essa é uma história baseada em fatos reais, alguns detalhes podem ter sido alterados para preservar a identidade dos participantes.
Não indicada para menores de 18 anos.
Recomenda-se ler o conto da capivarinha primeiro deste aqui.
Após a história da capivarinha, continuamos a conversar e ele me perguntou se eu tinha plano de voltar ao norte da Itália. Eu tinha uma viagem a trabalho partindo de Padova e ia passar o final de semana na casa de uma amiga que morava lá. Ele sugeriu que nos encontrássemos por lá e que ia deixar marcado na sua agenda para tentarmos achar um tempo para nós.
Era uma quinta-feira quando cheguei em Padova e meu voo de partida era no domingo pela manhã. Eu estava bem sobrecarregada de trabalho quando fui para a casa da minha amiga. Ele me mandou mensagem já na quinta-feira perguntando se poderíamos nos ver. Eu estava um pouco incrédula que aquilo de fato fosse acontecer porque ele teria que dirigir mais de 150km para me encontrar. Ainda assim, concordei que gostaria de vê-lo, mas que sábado deveria dormir cedo para o voo no dia seguinte. Ele sugeriu que fossemos ver o pôr do sol na sexta-feira. Aquela pontinha de curiosidade surgiu em mim se ele viria mesmo, mas somente acreditaria quando ele confirmasse que estava na estrada. Na minha cabeça ainda era muito surreal que ele viajaria tudo isso só para me ver. Na sexta-feira, por volta das 15h ele me mandou uma mensagem que estava iniciando a viagem para Verona. Ele realmente estava a caminho.
Minha amiga já tinha uma programação para almoçar nas montanhas e estava super incomodada com o fato de que eu teria este date. Tanto que ela me fez prometer que eu não iria trazer ele pra transar na casa dela. Para evitar qualquer desconfiança, confirmei que sairia encontrá-lo e não iria levar a chave, assim chegaria junto com ela em casa.
Quando ele chegou, nos beijamos na boca mas foi um pouco estranho, meio que não sabíamos muito bem o que fazer. Iniciamos a andar e conversar em direção ao rio. Ele tinha terminado seu doutorado recentemente e iniciaria um projeto em Viena no mês seguinte. Foi a primeira vez que falamos mais sobre a sua família e aprofundamos o que sabíamos um da vida do outro. Nenhum dos dois sabia onde poderíamos ir e o por do sol não espera os indecisos. A minha ansiedade nesses momentos me prega peças porque começo a ficar estressada quando tenho algo para fazer com horário certo e estou rumando sem direção, como se perdendo tempo.
Finalmente encontramos um tronco caído perto do lago embaixo de uma sombra e que poderíamos ver o por do sol. Ele, sempre preparado, trouxe vinho, chá, biscoitos e chocolates. Abrimos o vinho e começamos a nos beijar. Foi combustão instantânea. Os beijos e as carícias começaram a ficar mais ardentes quando escutamos um barulho. Era um menino com uma bicicleta que veio compartilhar da nossa clareira. Ele nos viu e ficou ali, como se, ainda que soubesse que estava incomodando, não tinha o mínimo interesse de se mexer. Continuamos conversando e apreciando o por do sol quando escutamos uma barulheira e ao olharmos para trás ficamos incrédulos. A família toda do menino com a bicicleta estava chegando para fazer piquenique e parecia que eles queriam dividir o pequeno espaço com a gente, o que deixava tudo menos conveniente para todo mundo. Vencidos, decidimos sair e procurar outro lugar. Após algum tempo caminhando, achamos um banco de areia e pedras que fazia como que uma praia na margem do rio. Ele estava super motivado a nadar no rio, porque a água, ainda que super fria vinha diretamente das montanhas, então era super cristalina. Eu estava usando um vestido vermelho envelope e estava no meu projeto de abandonar o uso de calcinha logo, não tinha muito com o que eu poderia nadar. Sentados na beira do rio, as mãos estavam ávidas pelo toque da pele um do outro. Parecíamos dois adolescentes se agarrando fortemente. As mãos estavam cada vez mais ousadas até um momento que eu parei para dizer que eu não ia transar ali porque qualquer pessoa do outro lado do rio poderia nos ver e que eu não queria ter a minha bunda online em site pornô. Ele deu risada e disse em português com um sotaque alemão carregadissimo:
Sorte a deles, a gente é lindo.
A minha alma sorriu com aquele comentário. Ainda assim, a razão falou mais forte. Ele não insistiu. Meu coração afundou. Eu estava mais molhada que o próprio rio e sabia que se fossemos para o seu carro, não seria confortável e era capaz de morrermos de calor. Ele se levantou e, me dando a mão, perguntou se eu confiava nele com um sorriso maroto. Disse que sim. Começamos a andar e eu sem entender muito bem se ele conhecia algum lugar ou estava pensando em uma solução. Após uns quase dez minutos de caminhada ele sobe em uma parte mais elevada da margem do rio e começa a andar no meio do capim alto. O meu conforto é saber que não existem cobras na Europa ou outros animais venenosos como existem no Brasil, ao menos não que eu saiba e prefiro continuar não sabendo.
Ele parou em um ponto e olhou para mim e perguntou o que eu achava. O que eu achava do que? A minha cabeça ainda não tinha processado que ele queria que transássemos ali. Eu dei risada porque somente com ele eu me dava ao benefício da dúvida dos limites que o meu lado dondoca podiam chegar. Respondi que era o lugar perfeito. Colocamos nossas toalhas de piquenique no chão e nos ajoelhamos enquanto nos beijávamos. Acho que para me deixar mais confortável, assim que começamos a nos beijar e a minha mão começou a percorrer seu corpo, ele começou a tirar a roupa até ficar completamente nu em uma velocidade surpreendente. Deitei-me na toalha de piquenique já com o receio do desconforto, mas que, pelo contrário, foi mais confortável que o contato com a cama da minha amiga que estava me recebendo. Ele gentilmente começou a puxar o laço do meu vestido como quem abre um presente e mergulhou nos meus seios. A sua boca parece que já tinha o mapa de onde ir, como fazer e onde tocar. Senti-lo entrando em mim veio aquela nostalgia gostosa, aquele prazer conhecido. Quando se está solteira por um tempo, ainda que tenha uma vida sexualmente bem ativa, ter a familiaridade de como o cara entra em você ou como nos acariciamos depois do sexo, é sempre aquela parte que falta.
O sexo preencheu o ambiente até que não existia mais nada, somente o meu corpo e o dele em sincronia. Gozei com toda a emoção que vinha crescendo desde o momento que ele disse que gostaria de me ver. Foi como um orgasmo libertador. Tinha tudo dado certo para chegar naquele momento improvisado em que mais uma vez éramos só eu e ele no meio da natureza, respondendo aos nossos instintos. Ele adora contato visual e gozou sorrindo depois de olhar fundo nos meus olhos.
Nos abraçamos e ficamos ali conversando baixinho enquanto ele acariciava o meu cabelo e eu escutava as batidas do seu coração. Foi engraçado como ficamos confortáveis ali, como ele desperta em mim essa naturalidade em fazer sexo ao ar livre de um jeito que nunca tinha vivido ou sequer imaginado com alguém. Tivemos uma conversa profunda sobre seus filhos e sobre sua ex-esposa. Até que chegou um momento interessante em que ele perguntou se eu tinha um namorado ou se estava saindo com outros caras. De fato, eu estava, mas não tinha ninguém fixo. Quando chegou a sua vez de responder ele me disse que tinha uma namorada na sua cidade e uma namorada Brasileira em Bologna. Eu dei risada porque entendi a razão pela qual o seu português era tão bom. E foi algo leve, não tinha competição, não tinha ciúmes e parece que ele conseguia manejar muito bem esses relacionamentos. Quase que pedir para ser incluída na lista, mas queria sentir como seriam as coisas quando ele se mudasse para Viena.
Foi meio que em um momento de consenso que nossas carícias ficaram mais quentes até o momento que fomos para um segundo round. Já estava começando a escurecer, mas como era verão ainda tínhamos tempo de claridade. Foi um sexo marcado por muitas carícias, beijos e de forma lenta nossos corpos se enroscavam um no outro. E não tinha mais nada que importasse ali além de eu e ele. Em nosso pequeno mundo no meio do mato, não percebemos que não estávamos sozinhos.
A chuva chegou com relâmpagos e trovões. Nos vestimos às pressas e nem percebi o quanto já estava escuro. Voltamos meio que correndo para o apartamento da minha amiga. Ela ainda não tinha chegado porque tinha ficado presa no trânsito com a chuva intensa. Ele estacionou o carro perto do prédio e ficamos ali conversando. Foi interessante saber mais sobre ele, sua vida, seus pudores e sonhos. A chuva parecia que não ia parar tão cedo. Ficamos abraçados ali no banco de trás do carro e eu nunca imaginei que preferiria mil vezes um lugar no chão no meio do mato do que o assento traseiro de um carro. Assim que a chuva começou a se dissipar, a minha amiga chegou. Ele me convidou para dormir com ele no carro e testar a nova engenhoca que ele tinha desenvolvido para adaptar o carro em uma cama. Eu queria dormir com ele, mas precisava de uma cama e dormir. Tinha certeza que se dormissemos juntos eu iria me divertir muito, mas não ia conseguir descansar o tanto que precisava para organizar a minha viagem.
Ele então me levou até a porta e nos beijamos intensamente. Foi um beijo de despedida como se, caso a gente não se visse mais, era uma forma de terminar com chave de ouro. Para um alemão, eu fico sempre surpreendida em como ele tem pegada. Me arrependi no segundo em que botei o pé para dentro do apartamento. Mandei mensagem pedindo para ele me esperar, mas quando fui na sacada ver se o carro ainda estava ali, ele já tinha partido.
A conversa continuou raramente. Ele compartilhou as novidades do processo para se mudar para Viena e as dificuldades em achar um quarto. A princípio a sua única opção até o momento era um quarto com um grupo budista que praticava o veganismo e a abstinência sexual. Ele mesmo comentou que seria uma experiência incrível morar com budistas, mas que a abstinência sexual talvez fosse um inconveniente. Eu não consegui me conter e disse que “como representante das mulheres que ele ainda iria transar em Viena, era melhor ele procurar outro lugar”. Ele deu risada e falou que adorava como tudo era política.
Eu respondi que sim, até capivaras.